
Abro meu computador
Vejo aviso de risco
Roberto Carlos canta
E Copacabana se dana
Lembro de Jorge Dersu
Que diz:
"Me diz o que tu comes
Que eu direi quem tu és"
Acordo cedo como sempre
Mais tarde Naiá me liga
Feliz Natal mamãe !
E eu chorei sozinha
Senti vontade de comer
Vou até a Padaria Firenze
Na rua Vieira de Morais
No Campo Belo
Bairro nobre de São Paulo
Lá, compro Pão e Manteiga Aviação
Como com café preto
Observei quando fui guardar,
Ferrugem na parte inferior da lata
Para meu desgosto
A manteiga vencia em Junho de 2010
Seis meses na prateleira me esperando
Enquanto aguardo sentada numa das mesas
O sr. seu dono, observo à comelança
Todos bebem, todos comem, sem prazer
Eu imaginando a validade de cada alimento daquele
Alí posto nas mesas e balcão daquela padaria
O dono não quis falar comigo
Mandou o genro, de olhos assustados
Me pedindo a nota, duvidando de mim
Dizendo que essas coisas acontecem
Reclamando dos funcionários, quem vendeu
Quem não vendeu
E que trocaria por outra manteiga
Ao dizer-lhe que não aceitaria outra marca
Que esperava que fossem comprar em outro lugar
O mesmo senhor ficou indiguinado dizendo-me
Que era muito desafouro sair para comprar
Para mim a manteiga em outro estabelecimento
Me devolvendo o dinheiro gasto na minha primeira
Refeição pós Natal.
Pois até Papai Noel já zarpou da AV. Paulista
Dando lugar a um novo palco para a virada do Ano Novo
E eu aqui pensando no estoque do ano velho da nossa
Sociedade de consumo pronta pra dar o bote
Naqueles menos atentos a um novo mundo
Vou pra outra padaria, lá eu não volto mais
Mesmo porque o proprietário não faz questão
Mas eu, sim. Faço questão de um corpo limpo
Porque o meu espírito não é Natalino e o meu
Estoque, chama-se energia que se renova a cada dia
Riso Maria Dersu
São Paulo, 26/12/2010
16h16min