BRASIL É

João Gilberto
Jorge Dersu
Dilma Ruosseff
Zabé da Loca
Luís Inácio
Joaquim Felipe
Fátima Freitas
Naiá Uchôa
João Pessoa
Maria Lisboa
Carmem Miranda
Selma Martins
Oliveira de Panelas
Misturo as luas
Sigo pra rua
Voto na sua
A cara é tua
Virgem Maria
A noite e o dia
Vamos buscar
O tempo perdido
O que foi iludido
Na casa própria
Estamos armados
De elegância
Enchendo a pança
Quero Vitória
O segundo é turno
O primeiro é mundo
Não somos mudos
Analfa Beto
Temos Pré - Sal
Não é chalaça
Abre a boca
Não seja louca
De ficar calado
Na educação
Rasgue a receita
Vá no museu
Leia Fernando
Somos Pessoa
A vida é boa
Liga a TV
Cadê você
Olha a imagem
Escuta o som
A nossa língua
É portuguesa
E a nossa estação
É da luz eléctrica
Para todos
Vamos buscar
O que tiraram
De nós
A razão
O chão
O pão
O Riso
A dignidade
O caminho é certo
Não tem que errar mais
E se acontecer
Vou te entender
Puxar a orelha
Esticar o braço
Te dar um abraço
Louvar à Deus
E com certeza
Vamos se juntar
Pra celebrar
Não esquecer
O que passamos
Quando éramos escravos
Dos senhores de engenhos
Monopolizados por meia dúzia de brancos
Encardindo
As roupas
As louças
Do armário
Devastando as matas
Poluindo os rios
Os mares
Os ares
Riso Maria Dersu
FOTO - CARLA FREIRE

SEU NOME BRILHA

Corpo espassa
Alma retrata
Barra - manteiga
Aconchega

Passa bem perto
Para brota
Ali na frente
Seguindo contente

Joguei
Seu nome
Pra cima
Seu nome brilha

Riso Maria Dersu

Na fotografia
Carla Freire

DE MIM

A língua cresce
A vida tece
A baba desce
A paz enobrece
Somos doentes
Deficientes
Diferentes
De mim
De tu
De voz
A sociedade rejeita
A família aceita
A escola exclui
A luta é árdua
O preconceito é feio
O preconceito é grande
O preconceito atrapalha
O preconceito humilha
O preconceito machuca
O preconceito fere



Riso Maria Dersu

CASA DO SOL

Limite
Emite
Sons
Especiais
Pra ter você ao meu lado
Basta abrir a porta
Que eu sinto o sol
Do movimento do seu corpo

Riso Maria Dersu

AS PEDRAS DE SUA LOCA

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Maria Bonita era bonita
Acompanhava o seu amado
Nos lajeiros pelas estradas
Maria Bonita não se conformava

Amélia era mulher de verdade
Passava fome de comida
Passava ferro e lavava
Amélia tinha sexo todo dia

Anayde Beiriz
Escandalizou a Paraíba
Como amante de João Dantas
Amor e pecado corriam juntos
Anayde Beiriz gozou e se envenenou

Zabé da Loca ainda chora
Às vivas recordações
Dos terreiros sem banheiros
Das perdras de sua loca
Zabé, ainda chora à falta de seu homem


Riso Maria Dersu

PUBLICITAREI

Dezembro de 2009, Naiá Uchôa NA Ilha Areia Vermelha PB, depois de ter sido reprovada no último ano do Ensino Médio, em uma escola de freiras a qual eu trabalhava e fui mandada embora quando recorri a Delegacia de Ensino de São Paulo que determinou a aprovação da aluna. Aláfia. Hoje foi aprovada no seu segundo vestibular para publicidade, o primeiro não deu tempo para entrar. Até que chegasse ao resultado do processo.

Amor e bençãos

Riso Maria Dersu

TODA CRIANÇA VOA

Toda criança é boa
Na riqueza ou na pobreza
Toda criança voa
Na alvura
Ou no pretume
Toda criança é boa

Riso Maria Dersu

DANOS

Danados os danos
De nada
Aos sentimentos

Riso Maria Dersu

SEGURO

eu pago o meu
seguro
desemprego
e você me deve

Riso Maria Desu

SERÁ

será
que vejo a veja
será
que leio o estadão
será
que faço compras no extra
será
se eu voto
será
se miséria é pouca
será
se é brincadeira !?


Riso Maria Dersu

TÔ NA RUA

brinco na rua
choro na rua
olho pra rua
gosto da rua
tô na rua

Riso Maria Dersu

São Paulo,23/10/2010

Sabugu e Riso Maria Dersu

FAZ ERAS

Faz eras
Que sorrio
Faz eras
Que respiro
Faz eras
Que corro perigo
Faz eras
Que a esta hora
Estar viva
Me basta

Riso Maria Dersu

São Paulo, 23.10/2010
11h04min

ALGO

algo

se fez
dentro
de mim

espaço nunca vazio
reforma a aurora da minha vida

algo

refez
deixei que fosse fácil
o passeio pelo espaço

do lado caro do teu coração

algo

me deixa mole
e os olhos opostos jamais se encontram em mim

algo

me diz
verdades sobre as riquezas escondidas prontas para serem claras

algo

me deixa tola
sem fome de qualquer nome como camaleão

algo

me deixa de boa
na proa da liberdade na maior cidade do Brasil

Riso Maria Dersu

São Paulo, 22/10/2010
09h58min

SEGURO SEXUAL

Sem sexo, nunca mais, até que se encontre um novo parceiro. Agora é de lei que todos casais, sejam eles: casados, amasiados,ou temporários. Vão lá assinar o ponto, bater pernas, fazer amor do pouco que restou.
Engatar um carinho, um afago, um cafuné, ou mesmo ficar por perto, como se não quisesse nada, em que o nada é o bastante para um olhar, um silêncio um afeto em um dia de domingo num passeio no parque, numa sexta-feira na ida ao teatro, não vale lavar os pratos, cuecas ou levar o enteado no psicólogo, nem tão pouco usar drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.
Terá direito a esse seguro para que os mesmos, não se aventurem no desespero da perda do parceiro ou parceira e estejam ciente que terá esse tempo enquanto não virá alguém que seja de gêmeos, áries, sagitário ou leão. Ao da entrada no segura sexual, dependendo do tempo que viveu em comum,faz-se o prazo para o término do gozo e do prazer. E se seu seguro esta acabando; não perca tempo: parta para um novo prazer sexual seguindo a vida na valsa.


Riso Maria Dersu

São Paulo, 21/10/2010
10h30min

CORDÃO UMBILICAL

Que se instale práticas saudáveis na mesa do povo brasileiro com consciência e moderação. Café e pão, arroz e feijão, filé e queijo. No varal, roupas com cheirinho de amaciante e na cama um amor moderno e abençoado por Deus, filhos fortes por perto, uma canção vindo do lado de dentro do coração dos tolos. Gosto também disso. Gosto também daquilo tudo que você abriu para mim, no dia que te ví no parque, como se fosse uma visão divina, em plena primavera nordestina, paulistana, de Havana, Atacama, África, Paris, Brazis.Somos um só mundo. Da terra do mar do ar. Somos alquimistas, somos artistas na corda bamba do circo de cara com a plateia. O riso e o cisco do olho vivo na esperança que surja mais um salvador da Pátria que tenha cabeça cheia de alegrias para distribuir renda, felicidade, saúde e paz. Que a paciência seja adquirida na barriga da mãe, nos braços do pai, para que não se chegue a velhice nos bancos do SUS, almejando a cura dos males da sociedade em estado de fome sem lazer, sem prazer. Me volto nesse momento ao cordão umbilical machucado às vésperas do incontido do não sabido do não entendido do não compreendido.

Riso Maria Dersu

Sampa,20/10/2010
10h35min

SIGA O MESTRE

Siga o mestre
Ensine o mestre
Apoie o mestre
Discorde do mestre

Em todas as lutas que passei
Em todas escolas que entrei
Só vi uma criança brincando
Em rumo à solidão das horas


Riso Maria Dersu

Foto do álbum de Maria Da Graça Cardoso

PRECE

Meu Deus

Tenho medo de cair num puxadinho
Que o meu lixo corra sem destino
Entravando as entradas dos céus

Meu Deus

Tenho trauma mais uma vez
Que as crianças burguesas
Me acusem de retirantes
Que eu fique sem chance
De chegar a Universidade

Meu Deus

Que o professor ensine que negro é do bem
Que o nordestino é a massa da mandioca
Que é sem sombra de duvida é notório o saber

Meu Deus

Tenho receio de chegar a velhice
Sem um dente na boca para comer
Que a cesta básica cheque à mesa
Sem precisar entrar na justiça
Que o bilhete único seja direito

Meus Deus

Deixe que eu me divirta com pernas de pau
Deixe que eu brinque de polícia e ladrão
Deixe que as rodas libere a ciranda e o coco

Meu Deus

Abençoe o segundo turno
Para que possamos caminhar
Sem tremores nas mãos
Para que tudo seja do bem

Amém



Riso Maria Dersu


São Paulo, 14/10/2010
08h58min

NÃO POSSO IR À ROMA

Doí na minha pele
Na minha boca
Doí a minha voz
Não posso ir à Roma
Carregando meu Jornal


Riso Maria Dersu

Fotografia do mural de: Karina Buhr

ÁGUA FRIA DOCE CORRENTE

Sou areia da beira do mar
Me amoito na zona da mata
Sou corte de foice e brilho
Sou fósforo e cheiro fumaça
Do canavial em chama acesa
Sou água fria doce corrente
De barro vermelho ao luar


Riso Maria Dersu


Fotografia: Karina Buhr

VAI VAI

Toque seu nome
Em minha pele
Toque sua cor
Na minha boca
Toque seu samba
Em meus ouvidos
Vai Vai, agora


Riso Maria Dersu


São Paulo, 07/10/2010
11h44min

QUERO FAZER AMOR

Já tome seu banho com açúcar cristalizado
Se esfregue bem com sabão de coco e bugre
Bote de trás da porta de vidro esfumaçado
Um bom defumador aromatizado e espiritual
Deixe velas verdes e vermelhas espalhadas
Faça cair pelo chão essência de almíscar
Quando eu chegar vou me enfiar ai em cima
Em baixo de seu cobertor.Quero fazer amor.



Riso Maria Dersu

INCOSCIENTE COLETIVO

Esbarrei num poço torto
E o inconsciente coletivo
Menti-me feio sutilmente
Ferindo a bola de cristal


Riso Maria Dersu

DISTANTE

O que eu queria fazer
Anda distante de mim
O que eu queria sentir
Fugiu pelos meus poros
Nadando noutros braços
De rios de mares de lágrimas

Riso Maria Dersu

São Paulo, 05/10/2010
19h30min

E O DIA AMANHECIA NO JARDIM

Arranhei-me na beira da cama
Espremi-me no travesseiro
Sem sinos da missa tocando
Cambaleei-me até o notebook
Furando-me nos pregos do chão
Aos olhos cinzentos do mar
Esbarrei-me ao som do piano
Quando meus ouvidos estouravam
No elevador do oitavo andar
E o dia amanhecia no jardim


Riso Maria Dersu


Sampa,04/10/2010
18h49min

Fotografia: Carla Freire

HOJE

Essa deselegância do linguajar na época de eleição, nos deixam desnorteadas. Certas pessoas, se vestem de uma chamada verdade, que vem de raízes impregnadas, para ferir outras de forma tão feia, tão caóticas, tão poluídas, que chegam até nos causar desgostos.

Venho do orkut e me deprimo com a invasão de candidatos e ou cabos eleitorais, ditando suas normas e regras, usando até a poesia para ferir outros. Chego no facebook, idem. É um verdadeiro festival de palavrões e agressões, atirando-se para todos os lados. Me pergunto: Quando vamos poder crescer, dominar a palavra com sabedoria e entedimento ? Me sinto feia hoje, me sinto triste hoje, me sinto ignorante hoje, me sinto desrespeitada hoje, me sinto sem chão, hoje.



Riso Maria Dersu


São Paulo, 03/10/2010
17h20min

COLIBRI

Estou vazia, sem inspiração, sem noite sem via

Estou vadia, queria, queria, a pausa pro seu dia

Estou passando por uma nuvem de ilusão ligeira

Estou querendo penas de colibri e não me enfear

Estou à pá de que carrego foice, e faca, no coração

Estou perpertuamente aconchegada, virtualizada

Estou patologicamete, remediada por você na paz



Riso Maria Dersu