
O nosso gato estar sumido, é que ele se assusta até com o secador de cabelos.
Imagina você, com o acontecido na noite de primavera de 23 de Setembro
Sim, ainda é Setembro e se Deus nos ajudar, virá mais outras primaveras em noite de lua cheia.
A festa aconteceu, não era no céu estrelado, mas nas nossas fuças, a olho e ouvidos nus, naquela horinha boa de nos recolhermos a nossa humilde insignificância. Quando de repente, mais que de repente, explosões tacanhas, toscas e tudo virou breu. Cobria-nos de fumaça, as labaredas se aproximavam, gritos, correria, medo. Era fogo. Estávamos literalmente cercados de fogo por todos os lados.Explosões mais explosões. Ficamos sem o entendimento da vida naquele instante. Tragédia, incêndio. Alô bombeiros, polícia, urgente ! alarme de morte, vamos morrer queimados, não podemos sair para rua, tudo pega fogo. é urgente, venham rápido, socorro. Rua Constantino de Sousa, Campo Belo. E o gato? cade o gato que descia e subia as escadas como se anunciasse o final dos tempos.
As chamas aumentavam em meio a escuridão de explosões consecutivas. O que pegar, o que largar, o que vestir? E nada mais fazia sentido. Era a morte nos rodeando, nos remetendo ao 11 de Setembro, ao incêndio do Edifício Joelma, ao último arremeto do voo da Tam. Estávamos desnorteados arrodiados das chamas dos fogos de artifício do Empreendimento Imobiliário devorador de sentimentos humanos.
Aqui, meu particular protesto, ao CUBE CAMPO BELO por tamanha ousadia na falta de competência em realizar um mega espectáculo, deixando à mercê do perigo cidadãos, pagadores de seus impostos, que não é barato.
A nossa AES Eletropaulo, deu a luz, no dia seguinte, às cinco horas e vinte e nove minutos do dia 24 de Setembro. Mas, por tanto, todavia. A festa prosseguia e do topo dos velhos abalados casarões ainda resistindo as torturas incasáveis dos senhores do poder, via-se e ouvia-se, o tilintar de taças, o murmurinho dos discursos inflamaveis de um futuro cada vez mais próximo. Regado por seu gerador, ali sim, estão protegidos, nada pode dar errado. Tim Tim ! E nós, pobres de Deus, com as pernas ainda bambas, só nos restava rezar e agradecer de estarmos vivos com direito a voz e a voto, conquistados à duras penas.
A resposta virá nas urnas. Calma, estamos mudando, não se desespere. Só você não enxerga, o que eu estou vendo. É cristalino como uma noite de clarão.
Riso Maria Dersu
São Paulo, SP Campo Belo/Brasil 24/09/2010
09h50min